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Há muito a dizer sobre The Sandman, mas existem grandes limitações na linguagem humana, cujas fragilidades impedem uma descrição precisa à respeito dessa obra tão enigmática. Qualquer tentativa de tentar categorizá-la por inteiro será em vão, como dito por Oscar Wilde: “Definir é limitar”. Mesmo sabendo disso, nós do Loucos por Geek iremos nos atrever a invadir o reino dos sonhos de Sandman, e trazer todas as informações necessárias para você, estimado leitor.
A melhor forma de conhecer essa obra de arte, será quando você realmente se debruçar sobre ela, e conseguir se perder por inteiro nas páginas (por sua própria conta e risco). Cada leitor terá seu próprio momento de contemplação e deslumbre quando se encontrar face a face com Morpheus, o protagonista de “The Sandman”.
Em 2019, a Netflix anunciou que está produzindo uma série com base em Sandman. Ainda não há data de estreia oficial confirmada, então, através dessa leitura, descubra o que a HQ tem de tão intrigante.
Considerada uma das melhores HQs de todos os tempos, Sandman já encantou milhões de geeks ao redor do mundo. E sem muita enrolação, prepare a mente para envolver-se de sonhos, entidades primordiais e lendas tão velhas quanto o próprio tempo.
Sandman – Contexto Histórico Da Obra, Inspirações e Identidade Visual

Neil Gaiman, escritor conhecido por outras grandes obras imortais: Coraline e o Mundo Secreto, Deuses Americanos, Good Omens, Stardust, entre outros. Das quais, todas já ganharam adaptações para o cinema ou para produções de serviços de streaming. Ele foi a mente por trás dos roteiros da HQ de Sandman, já as artes visuais foram feitas por uma gama variada de artistas, como Dave Mckean, que foi o responsável por trazer vida às capas de todos os capítulos; e as ilustrações das páginas por Sam Kieth, Bill Sienklewicz, Charles Vess, Jill Thompsom dentre muitos outros.
As publicações foram feitas entre 1989-1993, em formato mensal pelo selo Vertigo da DC Comics. A cultura Punk ainda permanecia em alta naquele momento, a rejeição aos padrões impostos pela sociedade era algo comum, e com a ascenção do Rock pós-punk, os rastros da contracultura ainda se faziam presentes. Em uma entrevista com Dave Mckean, ilustrador das capas, ele menciona a influência do movimento na equipe de produção; até o momento não havia uma HQ britânica com tanta experimentação quanto houve em Sandman. Não só nos aspectos temáticos, como também na identidade visual. Inclusive, o protagonista de Sandman teve seu visual inspirado no vocalista da banda The Cure, o cantor Robert Smith.
Cada arco em Sandman foi desenhado por um artista de quadrinhos diferente, o que por si só representa o caráter maleável e não estático dos sonhos, muito bem traduzido pela linguagem visual trabalhada na obra. Há algo de sombrio nos traços, a disposição dos quadros é esquematizada em um estilo clássico, mas com momentos de rompimento interessantes no padrão. Os balões de fala desempenham variações no design e nas cores, as letras mudam de tamanho e de forma, de acordo com quem é o personagem que está falando.
Sandman – Universo, Personagens e A Condição Humana

Essa é, sem dúvida, a parte mais impressionante de Sandman: O Universo.
Com o surgimento da vida, também veio a morte; com o surgimento de uma mente capaz de raciocinar, também surgiu a capacidade de sonhar; com a vinda da criação, houve a destruição; em contraste com a razão, está a loucura ou o delírio; e com eles vieram o desejo, o desespero e o destino.
Cada uma dessas características inerentes ao viver humano é governada por uma entidade primária, e os 7 irmãos juntos compõem um grupo chamado de ‘Perpétuos’. São eles: Sonho, Morte, Destino, Delírio, Destruição, Desespero e Desejo. A estabilidade do Universo depende de sua atuação responsiva, cada ação dos Perpétuos é refletida no mundo humano e além.
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Sonho, também chamado de Príncipe das Histórias, Lorde do Sonhar, Rei dos Sonhos, Sandman, Morpheus e etc. Todos os seres humanos vão para o domínio de Morpheus durante o sono, o Sonhar é um espaço coletivo, acessível a qualquer um capaz de ter sonhos. Lá existem monstros, deuses, seres imaginários, livros, mapas e toda espécie de invenções nunca criadas, mas que um dia já foram sonhadas.
Morte é uma mulher de aparência jovial, destaca-se por estar sempre sorrindo e de bom humor. Ela encaminha as almas dos que estão partindo para o outro lado. É notável a subversão das representações anteriores da Senhora Morte, é muito mais comum nos depararmos com aquela figura encapuzada, que sempre carrega uma foice, e com ausência de uma face visível. Entretanto, a Morte em Sandman detém uma persona doce e leve. Isso faz mais sentido à medida que a história vai se desenrolando.
Destino é o mais velho entre eles e apresenta uma silhueta esguia oculta por um longo manto, nos braços sempre carrega longas correntes e leva o livro do Destino em mãos. Ele conhece cada detalhe genérico do Universo, desde antes do começo, até os seus últimos segundos. É uma personificação nebulosa, fica claro que o peso de todo o Universo está sobre seus ombros, ele está sempre focado, enterrado em seriedade e eficiência.
Delírio é a irmã mais nova de todos os Perpétuos, a sua aparência não é fixa, os olhos, o cabelo, a altura estão em constante mudança. As cores de sua pele e de sua estética total são gritantes de tão chamativas, ela é como um prisma iluminado por um arco-íris. O controle sobre o que não é natural à mente humana é sua responsabilidade, toda a loucura, psicodelia e insanidade lhe pertencem.
Destruição é aquele que manipula o caos presente no Universo, sua aparência é a de um viajante comum, que usa roupas maltrapilhas e desgastadas pelo tempo. É um homem ruivo, musculoso, barbudo e de considerável estatura.
Desespero é irmã gêmea de Desejo, é a mais baixa em altura e a mais assustadora em aparência. A pele pálida, o corpo obeso e nu, e ela costuma se mutilar com um anzol. Todos os pensamentos ruins e autodestrutivos da raça humana são comandados por ela.
Desejo é andrógino, ele apresenta características masculinas e femininas ao mesmo tempo. Sua aparência é elegante e bem apessoada, está sempre vestido em trajes formais. As fantasias humanas de posse e controle são guiadas por Desejo, tudo o que um indivíduo queira, independente do que seja, ocorre em virtude de Desejo.
Os ‘Perpétuos’ representam os medos, as dores e acima de tudo, as esperanças que residem nas pessoas. A condição humana se reflete na figura de cada um deles. O exato oposto do destino é o livre arbítrio; o exato oposto dos sonhos é a realidade; o contrário de morte é vida; o contraditório de desespero é esperança; o antônimo de desejo é altruísmo, desapego; o discordante de delírio é racionalidade; o inverso de destruição é a criação.
Sandman – Particularidades Conceituais
O que torna The Sandman uma HQ tão grandiosa é o seu núcleo conceitual. Cada personagem, cada lugar, cada diálogo consegue perfurar as camadas do comum e atingir a essência do que é ser humano. É surpreendente se deparar com um capítulo que parecia não ter potencial, e logo em seguida, absorver tanto conteúdo. Isso acontece com muita frequência durante a leitura, até mesmo um personagem que parece não ter nada a acrescentar, logo se torna capaz de conversar com o íntimo de nossa alma. Sandman respira poesia e exala verdades imaculadas.
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O cerne de Sandman são os sonhos, e estes são feitos de Histórias. O senso de storytelling é muito presente na obra, lá existem histórias dentro de histórias.
Como o próprio Neil Gaiman disse em uma palestra, a habilidade de contar histórias acompanha a humanidade desde os seus primórdios, a ficção nos inspira a mudar os nossos arredores. Uma das mensagens do texto é que há um punhado de verdade na ficção. Assim como a frase no prefácio de Coraline:
“Contos de Fadas são mais do que verdade, não porque eles nos dizem que dragões existem, mas porque nos dizem que dragões podem ser derrotados.” G.K. Chesterton
Conclusão: Algumas palavras finais
Como dito no início, é humanamente impossível traduzir em palavras toda a construção narrativa/imagética de Sandman. É uma viajem aos nossos próprios labirintos internos, é como se olhar no espelho e enxergar diversas faces expostas. Caberá ao leitor explorar essa obra sozinho, caso esteja curioso para mais informações.
Para finalizar, tente encontrar estas citações durante a leitura:
“Do que adiantaria existir um Inferno, se as almas lá contidas não pudessem SONHAR com o paraíso.”
“As coisas não precisam ter acontecido para serem reais. Histórias e Sonhos são as meias-verdades que perdurarão quando os meros fatos forem cinzas, poeira e forem esquecidos.”
“Qualquer ponto de vista que não for estranho é falso.”
“Eu gosto das estrelas. É a ilusão de permanência, eu acho. Quero dizer, elas estão sempre queimando, cavando e saindo. Mas daqui eu posso fingir… Eu posso fingir que as coisas duram.”
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